

O PORTAL DA MEMÓRIA VIGIENSE


Período das Intendências

COM A MUDANÇA de Império para República, o governo e a Junta Provisória articularam a criação de um decreto no final de 1889, formulando os Conselhos de Intendência Mu-nicipal. Na Vigia houve a dissolução da Câmara, de acordo com o Decreto nº 32, de 05 de fevereiro de 1890. Em seguida, foi instaurada a Intendência. Aos Intendentes eram atribuídas funções executivas, semelhantes a o que hoje exercem os prefeitos, substituindo o governo antes regido pelo senado da Câmara Municipal. O militar escolhido para ocupar o cargo de primeiro Intendente de Vigia foi o capitão Francisco de Moura Palha, também presidindo o partido republicano local, centrali-zando o poder político da cidade junto aos vogais, cargo equivalente ao de vereador, mas apenas cumprindo asses-soria ao intendente. O Conselho de Intendência de Vigia dava suporte político na cidade em consenso com o governo estadual. Esse mode-lo administrativo se manteve até 1929. Após isso, houve a Revolução de 1930, iniciando a Nova República, quando foram implementadas as Prefeituras Municipais.


Capitão Francisco de Moura Palha
Capitão Miguel José Ferreira
Capitão Gratuliano da Silva P. Nunes
Capitão Raimundo A. Ferreira de Miranda
Felipe da Costa
Felippe B. Barros
Capitão Antônio José do Carmo Barriga
Tenente Raymundo Nonato Gaspar
Major Luciano Neves Henrique Palha
Intendentes que governaram a Vigia, de 1890 a 1929:
Fotogravura da Rua de Nazareth da cidade de Vigia, 1904.Fonte: CORRÊA, José Augusto. Chronica Planetária: viagem a volta do mundo, 1904, Lisboa: Typ da Empreza da Historia de Portugal, 1904, p.489.

Reflexos da Belle Époque
As influências comportamentais desse período favorável à Economia amazônica (1890 a 1920), que se baseava na lucrativa extração e comércio de látex, chamado de Ciclo da Borracha ou Belle Époque, gera-ram preocupação em dar à cidade uma “boa aparência". A paisagem urbana e a arquitetura deveriam se espelhar nos ideais estéticos europeus, inspirados prin-cipalmente na capital francesa, Paris, co-mo estava ocorrendo em Belém.

Bolas de borracha nos arredores da Praça do Pescador, em Belém (1935). Foto de Robert Swanton Platt.
Ainda em 1870, a Câmara havia elabo-rado uma nova ordem de postura, proibindo a construção de “casas dentro da cidade com tapagem de palha” e currais de pesca, considerados “hábitos primitivos”. A desobediência a este código resultava em multas ou alguns dias de prisão. O poder da elite econômica local impulsionou modernizações urbanísticas e outros avanços, além de propiciar o consumo de produtos importados, como bebidas destiladas, roupas, louças finas, utilidades, decorações, adornos e azulejos para as fachadas prediais. Vigia ganhou pavimentações, constru-ção de um novo cemitério, reforma do Paço, ponte entre o bairro Arapiranga e o centro, abertura da estrada até Santa Izabel, regulamentação do ensino, um grupo escolar estadual, espaços de convi-vência da boemia, cafés, etc.
Fontes consultadas:
- Ofício da Câmara da cidade de Vigia ao Presidente da Província do Grão-Pará contendo solicitações diversas e o Código de Postura da cidade, em 1870. Contribuição: Historiadores Felipe Noronha e Igor Gomes da Silva.